terça-feira, 24 de novembro de 2015

Tragédias e redes sociais: a desinformação maquiada de opinião



Por uns dias, a timeline do Facebook e do Twitter, duas redes sociais com bilhões de usuários no mundo, tornou-se um campo de discussões intermináveis. Ao mesmo tempo em que milhares de pessoas manifestavam seu apoio ao atentado em Paris ocorrido numa sexta-feira 13 e tirando a vida de centenas de pessoas, uma tragédia ambiental de proporção nunca vista acontecia no Brasil em Mariana (MG), onde o rompimento da barreira, além de matar dezenas de pessoas numa avalanche de lama, tirou toda a vida animal e vegetal contida no rio Doce, a principal fonte de água de mais de 4 milhões de pessoas, um dano que levará, no mínimo, 20 anos para ser recuperado.

O mais triste de tudo isso é que as pessoas estavam nas redes sociais disputando qual tragédia era a maior, qual dor era maior em realidades evidentemente diferentes. Manifestações de apoio ao povo da França e ao do Brasil se misturavam a muita desinformação, até pelo fato de que a mídia brasileira, como geralmente faz, costuma fazer coberturas bem aquém quando se trata de crimes ambientais envolvendo grandes empresas, como foi o caso em Mariana. Porém, nada justifica o cenário de hostilidade visto nos últimos dias, de quem prestou solidariedade a uma ou outra tragédia.

Será que é preciso emitir uma opinião sobre tudo o que acontece? Estamos preparados e bem informados para analisar assuntos complexos que envolvem atentados, religião, disputas econômicas e políticas entre nações, questões ambientais e tudo o mais que envolve esses casos? Podemos julgar as pessoas que não demonstraram seu pesar com uma ou outra tragédia? Será que o que se diz nas redes sociais não está sendo uma visão parcial dos fatos em ambos os casos?

O que fica de tudo isso é que as redes sociais são um espaço interessante para se analisar e perceber o quanto opinar por opinar, não importa o que se diga, tem se tornado constante. Nem todas as pessoas sentem empatia e se sensibilizam com as mesmas coisas. Somos diferentes, experiências diferentes de vida. 

O que toca a um, pode não merecer a mínima consideração de outra pessoa, e nem por isso precisam ser demonizados. Não se compara tragédia. Toda tragédia é cruel, é absurda. E nem todas as pessoas reagem igual. Vamos trabalhar a tolerância e publicizar nosso ponto de vista com qualidade, com argumentos e sem ofender. Pensemos nisso. 

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