Por uns dias, a timeline
do Facebook e do Twitter, duas redes sociais com bilhões de usuários no mundo,
tornou-se um campo de discussões intermináveis. Ao mesmo tempo em que milhares
de pessoas manifestavam seu apoio ao atentado em Paris ocorrido numa
sexta-feira 13 e tirando a vida de centenas de pessoas, uma tragédia ambiental
de proporção nunca vista acontecia no Brasil em Mariana (MG), onde o rompimento
da barreira, além de matar dezenas de pessoas numa avalanche de lama, tirou
toda a vida animal e vegetal contida no rio Doce, a principal fonte de água de
mais de 4 milhões de pessoas, um dano que levará, no mínimo, 20 anos para ser
recuperado.
O mais triste de tudo isso
é que as pessoas estavam nas redes sociais disputando qual tragédia era a
maior, qual dor era maior em realidades evidentemente diferentes. Manifestações
de apoio ao povo da França e ao do Brasil se misturavam a muita desinformação,
até pelo fato de que a mídia brasileira, como geralmente faz, costuma fazer
coberturas bem aquém quando se trata de crimes ambientais envolvendo grandes
empresas, como foi o caso em Mariana. Porém, nada justifica o cenário de
hostilidade visto nos últimos dias, de quem prestou solidariedade a uma ou
outra tragédia.
Será que é preciso emitir
uma opinião sobre tudo o que acontece? Estamos preparados e bem informados para
analisar assuntos complexos que envolvem atentados, religião, disputas
econômicas e políticas entre nações, questões ambientais e tudo o mais que
envolve esses casos? Podemos julgar as pessoas que não demonstraram seu pesar
com uma ou outra tragédia? Será que o que se diz nas redes sociais não está
sendo uma visão parcial dos fatos em ambos os casos?
O que fica de tudo isso é
que as redes sociais são um espaço interessante para se analisar e perceber o
quanto opinar por opinar, não importa o que se diga, tem se tornado constante.
Nem todas as pessoas sentem empatia e se sensibilizam com as mesmas coisas.
Somos diferentes, experiências diferentes de vida.
O que toca a um, pode não
merecer a mínima consideração de outra pessoa, e nem por isso precisam ser
demonizados. Não se compara tragédia. Toda tragédia é cruel, é absurda. E nem
todas as pessoas reagem igual. Vamos trabalhar a tolerância e publicizar nosso
ponto de vista com qualidade, com argumentos e sem ofender. Pensemos nisso.
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