Os tablets e smartphones
têm permitido, cada vez mais, um mundo conectado. Com essas ferramentas,
atualizar perfis em redes sociais, ler e-mails e até assistir à TV passaram a
ser atividades que se fazem em qualquer hora e em qualquer lugar. E o que
poderia ser sempre algo positivo, já que deveria otimizar nossas tarefas e
ações cotidianas de trabalho, pode, aos poucos, estar nos distanciando das
pessoas mais próximas. O que hoje nós vamos falar aqui é, na verdade, promover
uma reflexão: até que ponto esse avanço tecnológico é positivo para o nosso dia
a dia? Será que ele afeta as nossas relações pessoais?
Gosto sempre de tomar como
exemplo as festas de confraternização de final de ano e mesmo as festas de
aniversário: todos ao redor de uma mesa, com amigos, familiares, colegas de
trabalho ou mesmo aquelas pessoas com as quais você mal tem tempo de bater um
papo no dia a dia, mas que continuam distantes. Motivo? Estão todos conferindo,
a cada segundo, as mensagens de Facebook, WhatsApp, Instagram, Snapchat,
postando selfies, enquanto que, aos poucos, o mais importante, que é o momento
e a presença das pessoas em torno de um evento, vai sendo colocado em segundo
plano.
Quantas situações dessas nós presenciamos hoje? Sei que sua resposta é a
mesma que a minha, ou seja, é muito mais frequente que anos atrás. Mas, aos
poucos, essa prática de distanciamento vai se “naturalizando” com a presença e
o uso dos aparelhos, até que essa permanência seja definitiva e seu uso em
todas as ocasiões, mesmo aquelas em que não são bem vindas, tornem-se
culturais.
Pois bem, nem todo mundo
está satisfeito com isso, e o que deveria ser quase uma regra, ou seja, usar em
todo o tempo a Internet e os aparelhos, aos poucos foi tornando-se
inconveniente. Hoje, há um movimento cultural muito interessante que questiona
o uso exagerado dos celulares e da própria Internet em determinadas ocasiões e
momentos da rotina diária. O movimento “Desconectar para conectar” defende que se
deve desligar o Wi-Fi e os dados móveis dos aparelhos por alguns minutos ao
estar na presença de familiares, amigos, diante de momentos de descobertas ou
durante conversas ao redor de uma mesa, para permitir que as pessoas possam
voltar a sua atenção para as coisas que realmente importam. Concentrar-se nas
conversas, no carinho do outro, mostrar-se educado, dar atenção aos filhos são
coisas que, aos poucos, as tecnologias têm tirado, diante do seu uso exagerado.
A ideia de desconectar
aparelhos para conectar-se as pessoas ao seu redor é hoje tema de centenas de
vídeos de conscientização no YouTube, e que são disseminados em outras redes
sociais e aderidos em todo mundo, inclusive por estabelecimentos comerciais que
já avisam aos seus clientes na porta de entrada que não fornecem serviços de Wi-Fi,
para que as pessoas possam estar off-line e consigam fazer uma boa refeição,
desfrutar do ambiente e conversar entre si.
Parece estranho, mas se
pensarmos o quanto estamos rodeados de compromissos que nos são avisados pelos
aparelhos, faz muito sentido uma análise. É possível adotar as novidades, estar
antenado, acompanhar os avanços tecnológicos e o último lançamento em
smartphones, sem que isso nos tire as conexões mais importantes: aquelas que
temos com as pessoas que amamos e que são importantes para a nossa vida. Pense
nisso.
*Texto publicado na coluna Mosaicos Digitais, na Revista Domingo do Jornal de Fato, edição de 11/10/2015
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