sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Redes sociais: o temor dos tiranos


A força das redes sociais se consolida diante dos protestos no mundo árabe iniciados ainda no final do ano passado. Subestimada pelos governos e elevada pela população, redes sociais como Twitter e Facebook tornaram-se a única e mais importante ferramenta de comunicação para se acompanhar o desenrolar dos acontecimentos, mobilizar e indicar fonte, pautas para os veículos pelo mundo.

Exemplos dessa força podem ser vistas, comentadas e reproduzidas em diversos sites como a imagem do jovem Mohamed Bouazizi ateando fogo ao próprio corpo (autoimolação)em Sidi Bouzid na Tunísia tornou-se no símbolo da revolta do povo e ganhou o mundo através da Internet, conectando cidadãos em diversos países.

Essa procura pelas redes sociais é a alternativa disponível, uma forma de chamar a atenção desafiando os meios de comunicação convencionais (Emissoras de TV, rádio e Jornais) que nos países de regime político opressor, são coibidos de uma atuação livre. A internet e a força das informações que circulam pelo mundo inteiro através das redes sociais tornaram-se ferramentas simulacro de uma sociedade insatisfeita com a opressão político-econômica, com a falta de liberdade e de respeito aos cidadãos.

Apesar de alguns veículos destacarem a atuação dos jovens dos países árabes como os responsáveis por encampar os protestos na Internet, o que se vê especialmente através de redes sociais como Facebook e Twitter é que não há uma faixa etária predominante à frente das iniciativas de mobilização, mas que há uma vontade generalizada, extremamente popular e articulada por mudanças, dispostos à tudo. Nessas redes os internautas mostram uma realidade muito diferente do que a mídia convencional, sobretudo a que sofre influência norte-americana, quer mostrar ao mundo, geralmente confundido a razão dos protestos com a questão religiosa, colocando de forma manipuladora que o povo árabe como um conjunto de fanáticos e terroristas.

Em recente evento realizado em Burgos na Espanha, o I Congreso Iberoamericano de Redes Sociais (iRedes, #iredes), transmitido ao vivo no site do evento o professor Orihuela ao falar sobre a importância das redes sociais no contexto atual, coloca o uso das ferramentas como um mecanismo ‘libertador’. “As redes sociais só transformam a sociedade, a cultura, a política se as pessoas quiserem usá-las para transformações. As redes sociais constituem a base de dados contendo os anseios de uma sociedade. Se as empresas, órgãos e governos quiserem saber o que a sociedade ânsia, aí está o lugar onde buscar essas informações”... “As redes sociais são tecnologias, são ferramentas libertadoras. Por isso que os tiranos e ditadores tem tanto medo se sua força”.

É importante - como jornalistas e produtores de conteúdos noticiosos - não ignorar a demanda de informações relevantes contidas nas redes sociais que hoje, são mais que ferramentas de sociabilidade, mas também de canal onde muitas vozes, caladas nos outros meios de comunicação, podem ser ouvidas em alto e bom som. Estejamos atentos à isso.