terça-feira, 27 de outubro de 2015

Uma rede de solidariedade: compartilhe o bem





As redes sociais são compostas, basicamente, por pessoas e suas conexões com muita gente de vários lugares e diferentes interesses. A força e influência que cada pessoa tem na Internet está concentrada, sobretudo, junto àquelas pessoas mais próximas, ou seja, seus amigos, familiares, conhecidos, colegas do trabalho. Gente que sabe ou te conhece e que, diante de alguma informação, opinião ou conteúdo postado por você, gera uma identificação que pode ser replicada ou compartilhada para outras pessoas, com os amigos dos amigos e alcançar destinos desconhecidos.

Esse potencial todo de alcançar rapidamente centenas e milhares de pessoas, muitas vezes, é desperdiçado com informações que em nada agregam, passam despercebidas ou só importam mesmo para quem postou e para as cinco pessoas que curtiram o post. 

Fico pensando que se John Lennon tivesse chegado à era digital, talvez ele teria incluído em sua bela canção “Imagine” um trecho externando o desejo de, cada vez mais, as pessoas poderem utilizar suas redes de conexão para promover o bem, para ajudar o próximo. Imagine, então – parafraseando o ex-Beatle –, poder usar as suas redes de relacionamento virtual para promover boas causas sociais e ajudar pessoas, utilizando apenas a sua influência, a força de sua opinião e seus contatos!

Muita gente tem utilizado as redes sociais para divulgar a solidariedade, compartilhar informações sobre como ajudar pessoas e animais, formas de arrecadar recursos para vítimas de violência, de desastres naturais mundo a fora ou denunciar casos internacionais que desconsideram os direitos humanos universais. Não é difícil encontrá-las, pois diversas organizações não governamentais estão presentes nas redes sociais, divulgando diariamente suas ações na luta contra doenças ainda sem cura, como os tipos de câncer, contra a discriminação, seja ela étnico-racial, de gênero, de origem, trazendo à tona, através do meio virtual, atos de desumanidade e exploração de todos os tipos, a fim de gerar uma cadeia de solidariedade que gere transformações. 

Posts dos amigos e dos profissionais que admiramos são ótimos, mas às vezes se faz necessário olhar além do próprio universo particular no qual estamos todos imersos e perceber que tem gente fazendo o bem e em busca de divulgar a um número maior de pessoas que for possível, através do veículo de maior alcance que se tem nos dias atuais: a Internet.

Nossa dica nesta semana é que você possa buscar por essas ONGs nas redes sociais e integrar-se a esses canais. Podem ser aquelas ONGs do seu bairro, da sua cidade ou do seu estado que realizam projetos sociais, mas que, ao buscar saber sobre elas, você possa identificar-se com alguma causa relevante, compartilhando as informações para ajudar as entidades nesse objetivo de obter visibilidade e divulgação e até conhecer esses projetos pessoalmente, fazendo uma visita. Ao fazer da sua rede de contatos uma rede de solidariedade, além de ajudar outras pessoas, vai te trazer informações novas sobre coisas que você, certamente, não fazia ideia e te levar a conhecer histórias de pessoas que vão te surpreender. Experimente!

*Texto publicado na coluna Mosaicos Digitais, Revista Domingo - Jornal de Fato, edição de 25/10/2015.
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terça-feira, 20 de outubro de 2015

Em rede, sua privacidade é limitada



No romance “1984”, George Orwell imaginou uma sociedade totalmente vigiada pelo que denominou na sua obra de ficção de Grande Irmão (Big Brother), trabalho que o tornou mundialmente conhecido por provocar uma reflexão sobre os excessos do Estado e suas prerrogativas diante de cidadãos comuns. No livro, escrito em 1949 pelo autor sobre um futuro próximo, o protagonista Winston Smith representa o cidadão comum vigiado o dia inteiro pelas telas.

Ironicamente, nem o próprio autor poderia acertar em tantas coisas. Não apenas pela necessidade de vigilância constante que o cidadão permite em troca de uma sensação de segurança, o que viabiliza que se tenha câmeras por todos os lados, mas também por aspectos culturais que nos fazem abrir mão da privacidade, em troca do uso da tecnologia e de seus recursos na Internet.

A diferença em relação à obra de Orwell é que em tempos de conexão digital não há informantes outros, senão nós mesmos. Expomos detalhes sobre o que temos, fazemos e com quem estamos a todo o tempo. Nossos dados bancários, números de documentos, a empresa na qual trabalhamos, preferências, gostos, comidas, viagens... tudo está em rede, seja aberta ao público por meio das redes sociais, seja em bancos de dados governamentais, como declaração de Imposto de Renda, acesso à rede bancária etc.. Não há praticidade na vida contemporânea que não inclua um cadastro básico com nome, endereço e alguns dados pessoais.

É claro que até o início dos anos 2000, muito se falava sobre o quanto a Internet, criada inclusive com propósitos militares para a atuação em guerra, seria a principal “arma” dos tempos modernos para identificar pessoas e com os mais diversos propósitos militares e políticos das superpotências mundiais. Mas, foi em 2013, quando o ex-agente Edward Snowden, da Companhia de Inteligência Americana (CIA), revelou documentos que mostram como o Governo monitora os cidadãos, que veio em definitivo a comprovação: sim, somos todos vigiados e consentimos isso. Para Snowden, isso acontece desde quando se usa serviços de empresas como o Skype, o Google, o Facebook, os e-mails podem ser lidos, as conversas ouvidas, os conteúdos indexados e as ligações telefônicas rastreadas. É fato.

Imaginar que a Internet é campo de privacidade é uma grande ilusão, apesar de que a todo tempo tenta-se passar essa impressão. Então, resta apenas usá-la de maneira cuidadosa, sem ingenuidade. Na busca por informações e, especialmente, antes de fornecer qualquer dado pessoal, é importante ler as letras miúdas dos termos de aceitação, até (e principalmente) das redes sociais. Algumas já avisam que utilizarão todo o conteúdo postado por você para te oferecer produtos, outras dizem que não fornecem dados dos seus usuários. É importante tomar certas precauções e, apesar delas, ainda não se impede que dados pessoais sejam encontrados. Mas, é possível evitar muitos transtornos e usos indesejados. Afinal, tem muita gente à espreita, querendo dar golpes por aí, usando as mesmas ferramentas que você utiliza para se divertir. Todo o cuidado é pouco.

* Texto publicado na Coluna Mosaicos Digitais, Revista Domingo Jornal de Fato, edição de 17/10/2015

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Desconectar para conectar: um movimento pela conexão com as pessoas



Os tablets e smartphones têm permitido, cada vez mais, um mundo conectado. Com essas ferramentas, atualizar perfis em redes sociais, ler e-mails e até assistir à TV passaram a ser atividades que se fazem em qualquer hora e em qualquer lugar. E o que poderia ser sempre algo positivo, já que deveria otimizar nossas tarefas e ações cotidianas de trabalho, pode, aos poucos, estar nos distanciando das pessoas mais próximas. O que hoje nós vamos falar aqui é, na verdade, promover uma reflexão: até que ponto esse avanço tecnológico é positivo para o nosso dia a dia? Será que ele afeta as nossas relações pessoais?

Gosto sempre de tomar como exemplo as festas de confraternização de final de ano e mesmo as festas de aniversário: todos ao redor de uma mesa, com amigos, familiares, colegas de trabalho ou mesmo aquelas pessoas com as quais você mal tem tempo de bater um papo no dia a dia, mas que continuam distantes. Motivo? Estão todos conferindo, a cada segundo, as mensagens de Facebook, WhatsApp, Instagram, Snapchat, postando selfies, enquanto que, aos poucos, o mais importante, que é o momento e a presença das pessoas em torno de um evento, vai sendo colocado em segundo plano. 

Quantas situações dessas nós presenciamos hoje? Sei que sua resposta é a mesma que a minha, ou seja, é muito mais frequente que anos atrás. Mas, aos poucos, essa prática de distanciamento vai se “naturalizando” com a presença e o uso dos aparelhos, até que essa permanência seja definitiva e seu uso em todas as ocasiões, mesmo aquelas em que não são bem vindas, tornem-se culturais.

Pois bem, nem todo mundo está satisfeito com isso, e o que deveria ser quase uma regra, ou seja, usar em todo o tempo a Internet e os aparelhos, aos poucos foi tornando-se inconveniente. Hoje, há um movimento cultural muito interessante que questiona o uso exagerado dos celulares e da própria Internet em determinadas ocasiões e momentos da rotina diária. O movimento “Desconectar para conectar” defende que se deve desligar o Wi-Fi e os dados móveis dos aparelhos por alguns minutos ao estar na presença de familiares, amigos, diante de momentos de descobertas ou durante conversas ao redor de uma mesa, para permitir que as pessoas possam voltar a sua atenção para as coisas que realmente importam. Concentrar-se nas conversas, no carinho do outro, mostrar-se educado, dar atenção aos filhos são coisas que, aos poucos, as tecnologias têm tirado, diante do seu uso exagerado.

A ideia de desconectar aparelhos para conectar-se as pessoas ao seu redor é hoje tema de centenas de vídeos de conscientização no YouTube, e que são disseminados em outras redes sociais e aderidos em todo mundo, inclusive por estabelecimentos comerciais que já avisam aos seus clientes na porta de entrada que não fornecem serviços de Wi-Fi, para que as pessoas possam estar off-line e consigam fazer uma boa refeição, desfrutar do ambiente e conversar entre si.

Parece estranho, mas se pensarmos o quanto estamos rodeados de compromissos que nos são avisados pelos aparelhos, faz muito sentido uma análise. É possível adotar as novidades, estar antenado, acompanhar os avanços tecnológicos e o último lançamento em smartphones, sem que isso nos tire as conexões mais importantes: aquelas que temos com as pessoas que amamos e que são importantes para a nossa vida. Pense nisso.

*Texto publicado na coluna Mosaicos Digitais, na Revista Domingo do Jornal de Fato, edição de 11/10/2015